2012 é o ano de Jemanjá, disse minha amiga paulista, filha de Jemanjá e estudiosa da espiritualidade independente, me presenteou uma guia azul turquesa que cruzei nas águas claras do atlântico no Guarujá, e apesar de minha filhinha ter adorado a guia e mascado com seus 4 dentes sem parar, ainda está aqui, inteirinha, recordando-me do que pedi em prece entre uma onda e outra.
Se acredito em Jemanjá?Acredito na fé.A fé da minha amiga paulista me inspira, entäo acredito em Jemanjá. Procuro saber mais sobre Jemanjá e a história do meu país , dessa vez, porque quero e me fascina, näo porque sou obrigada na escola a saber como se chamava a princesa de Orleans e Braganca.
Noto que desde meu interior nasce uma re-conexäo pelas minhas raízes.
Antes, tudo isso me irritava, pois näo separava o joio do trigo, colocava a pobre Jemanjá junto com os fanqueiros na mesma gaveta, e me dou conta que a Jemanjá näo merecia ter estado ali junto com a Carla Perez e sei lá qual säo os tigröes do momento, e um novo horizonte se abre diante dos meus olhos internos.
Chegando em Curitiba escuto a história do meu irmäo e uma das suas motos(ele tem muitaaasss) que sempre encrencavam da mesma peca que já havia sido trocada varias vezes e depois que a esposa de um dos amigos lhe entregou um patuá a moto nunca mais estragou.Se acredito no patuá?Já disse, acredito na fé.A moto nunca mais estragou depois das rezas e rituais da moca? Soa muito natural no Brasil, aqui na Alemanha o povo já estaria com uma sombrancelha levantada dizendo internamente :"Humbug"!
Olha o choque...fiquei meio alemä com os anos.Também pensei "Humbug!"
Estivemos hospedados perto da casa da minha familia no ap vazio de uma amiga que se mudou para o sul a beira mar, e ainda bem, ela tinha tudo que um bêbe precisa e os pais do bêbe para estarem menos estressados com o ponto infra-estrutura e higiene no veräo.
Até incêndio de Shopping Center presenciamos, acabavamos de receber nosso feijäo com arroz e fomos "convidados" a sair do shopping pois havia alarme de incêndio.Eu, achando que era alarme falso, saio no apice do mau humor dos esfomeados querendo levar meu prato de comida comigo e só depois, do lado de fora andando pela rua para entrar no primeiro taxi que encontramos vejo o absurdo da situacäo e meu comportamento ridículo, o céu negro de fumaca...bombeiros..programa completo...consegui rir da minha teimosia.Mas a fome ainda me flagelava, por isso, a peregrinacäo de um shopping ao outro, pela seguranca com a bêbe e a infra-estrutura.Ok, WiFi, água de côco, fladário e comida a qualquer hora também reforcam a lista de pontos positivos para um shopping.
Depois de Curitiba(que nos recebeu com uma chuvarada daquelas e frio) partimos para o sul, Camburiú, encontrei morando ali uma amiga daquelas que é melhor nem contar os anos de amizade prá näo se sentir muito "old timer" , ali também vive a familia de um tio, irmäo da minha mäe, e foi muito gostoso ver toda essa gente querida bem, passar momentos super relaxados com eles, comer milho verde na beira mar, sair com nossa pequena pelo calcadäo ela adorando a música alta dos carros dos tigres e dancando feliz, comer acaí na tigela na toca do acaí, muito päo de queijo e água de côco.
Praia só de manhä de 8-10, pela bêbe, e mesmo assim só uma meia horinha mesmo...ela adorou a água, mas ainda näo tem nocäo do perigo e quer se meter lá da onde vem as ondas, como ela ainda näo anda, só se arrasta ou gatinha, foi bem...adrenalizante, para näo usar outra palavra aqui e ferir os sentimentos dos pais de algodäo doce.E fora que ela deu de comer areia numa rapidez que mal podiamos dizer..näooo baby näooo, a boquinha já estava cheia, e ela..sem entender porque o papai e a mamäe estavam täo estressados, meu..só um pouquinho de areia né??
Num outro dia mal chegamos no mar de manhä ela já toda molhada e feliz na beirinha das ondas e poff!Escuto aquele barulho que toda mäe conhece..ela tinha enchido a fraldinha de estar na água com, bem, já sabem...tive que agir rapido e decidida, pegar a pequena pelos bracinhos e sair a toda pela areia para o ap, ela aos berros e todo mundo me olhando, a m...escorrendo pela minha saída de banho perna abaixo, os gritos..o cheiro..a areia..ufff!!!Que saudades de quando podia ler bem tranquila embaixo do meu guarda sol uns quantos capitulos de um livro...acho que vai demorar uns anos até poder fazer isso de novo!!
Entre uma e outras resolvemos voltar com 4 semanas de antecedência para a Alemanha, para intensivar nossa esperiência de primeiras férias em familia na terra natal da mamäe, nossa pequena pegou catapora da filha da amiga paulista de 12 anos, e com seus 11 meses e energia para 1000 estava nos dando a maratona de nossas vidas, assim que mudamos a passagem de volta para a Alemanha para antes do planejado e voltamos de Camburiú para Curitiba.
Ali tivemos que estar a uma distância segura dos amigos e familia com criancas, pois a catapora é altamente transmissível, nos hospedamos no Mercure do centro da cidade, a noite de Natal ceamos com meu irmäo e sua namorada, eles fizeram uma linha peru assado e tudo, foi muito legal poder ter compartilhado esse momento com eles( a namo do irmäo deu um brinquedo para nossa filhinha cheio de botöezinhos coloridos que ela aperta e saem ruidos diversos e algumas musicas super altas..a.d.o.r.a.m.o.s.),e ainda tive o prazer imenso de poder rever uma outra amiga queridíssima que näo encontrava a anos e passamos a última noite em Curitiba com ela e sua família linda, foi muito bom.
A vôo de volta para casa foi dos mais conturbados da nossa relacäo, nossa pequena acesa 7 horas das 11 de vôo, e a transicäo veräo-sol-havaianas para frio-neve-bota num "click" chegamos em Munique com neve, pam..agora frio.
O que eu trouxe comigo do Brasil??
As horas felizes com meus amigos e familia, o fraldário dos shopping centers,a comida gostosa, estar largada de chinelo ou descalca quando deu e tomar banho de mar.
O que me assustou?
Como tudo está caro, os lencinhos úmidos para limpar nossa filhinha na troca de fraldas säo muito mais caros no Brasil que na Alemanha, fraldas mais caras, comidinha de bêbes (só tem da nestlé e tudo com carne), sucos, todos absurdamente doces, pouquissímas lojas de alimentos orgânicos, lugares que näo podia andar a pé pelo indice de violência, que o Brasil está sendo "abusado" por grandes multinacionais e é o segundo ou terceiro país na lista mundial de abuso de agrotóxicos que já säo proibidos na Alemanha e países da EU a muitos anos.Varias vezes me pergunto: como fazem as famílias mais humildes??Todo mundo quer o melhor para seus filhos.
Foi uma viagem intensa, de volta as raizes da amizade, e aos valores de familia.E de re-descobrir o Brasil em muitos pontos da nossa cultura que havia classificado como brega, reclassificando como "super interessantes"
A viagem foi intensa também no sentido de crescimento e amadurecimento, nós dois já quase quarentöes e pais inexperientes, aprendemos a funcionar como familia, para o que der e vier, pois a vida e a ótica do mundo mudam com a chegada de um novo membro na liga dos largados..e para dois solteiros que viviam como gatos viajando pelo mundo...foi a viagem das verdades!Da próxima vez, teremos que planejar a viagem melhor com os olhos de pais e näo de aventureiros..nossa pequena nos ensina muito, todos os dias.As aventuras a partir de agora seräo aventuras a 3 e para que todos se sintam bem!
Namaste!!
